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segunda-feira, 16 de março de 2009

Saiba mais sobre a Yakuza



Saiba mais sobre a Yakuza

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Yakuza – A Arte das tatuagens

Séculos atrás, nos dias do Shogun, as autoridades japonesas marcavam os criminosos com tatuagens para distingui-los do restante da população. Essas tatuagens, altamente visíveis, normalmente levavam a forma de um anel preto ao redor do braço; conforme a sentença, assim iam aumentando os anéis (isto é, subentende-se que os mais “periculosos” estariam com os braços totalmente demarcados). Aconteceu então, o previsível: estes homens marcados e excluídos da sociedade gradativamente foram aderindo a grupos, eventualmente formando organizações, até chegar ao que é conhecido como “Yakuza” (ou gokudō). Assim, o resultado foi a junção dos membros em (hoje tradicionais) grupos de crime organizado japonês; também vistos como gangues, clãs ou mafias de japoneses.
Usadas orgulhosamente como símbolos de status e dedicação, as tatuagens da Yakuza evoluíram em magníficas obras-primas corporais e multicores...

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Essas tatuagens geralmente levavam anos para serem terminadas. Eram feitas no metódo do Tebori ou Irezumi, que significa "inserção de tinta." Geralmente eram baseadas nas figuras do teatro kabuki, sendo um dos designs mais utilizados o do Benten Kozo. Kozo era um criminoso que se disfarçava como mulher e quando foi capturado, ao tirarem sua roupa, perceberam que se tratava de um homem muito tatuado. O termo "Yakuza" provém de um cartão de jogo japonês, Oicho – Kabu.

Sobre o método Tebori

As tatuagens tradicionais japonesas são um emaranhado espetacular de um rico projeto.
É uma arte que amadureceu até a perfeição, se originando de pinturas em blocos de madeira do antigo período Edo (1804-1868).

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A técnica japonesa é chamada “tebori”, que quer dizer entalhar, gravar com as mãos.
Usam-se agulhas enroladas na ponta de uma vara de bambu para inserir tinta de
carvão vegetal na pele. A pele viva é a solicitação dessa estética na qual a técnica tebori se desenvolveu dentro do chiaroscuro (claro-escuro), colorindo e sombreando a tatuagem japonesa que conhecemos.
No período Edo mais recente (séc. XVIII) o Japão cresceu bastante, e foi nessa época que começou a surgir a tatuagem como uma forma de Arte. Utilizando imagens de aquarelas tradicionais, pedaços de madeira e figuras de livros como modelos, e como recompensa de muita paciência e dor, surgia uma belíssima tatuagem. Para entender a essência da tatuagem japonesa é preciso conhecer sua história, e também continuar preservando as tradições por trás delas.
A tatuagem tebori ou irezumi é feita em diversas sessões, muito famosa por estampar corpos inteiros da yakuza, a chamada máfia japonesa . O Tebori é totalmente artesanal , demora muito e é bem trabalhoso, poucos tatuadores fazem esse tipo de procedimento no Brasil.
É um metodo que a tecnologia ultrapassou mas que a tradição não deixa morrer. Existem tatuadores que trabalham apenas com esse tipo de tatuagem e conseguem fazer verdadeiras obras de arte na pele. Não deixam a perder em nada para as melhores maquinas do mercado.

Mas ai, se você estiver a fim de começar a tatuar com o método do tebori, não esqueça os conceitos básicos de esterilização .” (resenha do Tatuando.com, todos os links que usei para esta adaptação estão devidamente listados no fim do post)


Ao lado, foto início do século XX
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Hoje muitas facções da Yakuza continuam patriarcais em sua natureza, mas mulheres também são parte integrante da “gangland” japonesa. As esposas, amantes e namoradas dos figurões também passam pelo processo da tatuagem em praticamente toda a extensão do corpo. Às vezes estas mulheres usam tatuagens para demonstrar a afiliação delas com o estilo de vida da gangue; em outros casos é feito para mostrar lealdade e obediência ao membro da Yakuza com o qual elas são envolvidas.
Quem sabe esta não pode ter sido uma das remotas origens, ou pelo menos uma das influências, em relação ao hábito que algumas mulheres (mesmo não sendo japonesas) têm em tatuar nomes de namorados, maridos, etc.



Yakuza-membros no Sanja Festival, Asakusa, Tokyo, 21 de maio de 2006. O Sanja Matsuri em Asakusa é um dos maiores festivais de Tóquio. Asakusa é uma das mais antigas peças de Tóquio, e também a casa de não poucas máfia japonesa (Yakuza) membros, que, nesta festa sair para mostrar as suas cores

Entre as obrigações dos membros estão:

Não esconder dinheiro da gangue;
Não se envolver pessoalmente com narcóticos;
Não procurar a lei ou a polícia;
Não violar a mulher ou os filhos de outro membro;
Não desobedecer às ordens de um superior.

Em sua essência, a Yakuza seria uma sociedade exclusivamente masculina. Não tendenciam a confiar nas mulheres porque as consideram fracas e incapazes de lutar como os homens, acreditando que elas foram feitas para serem mães e cuidarem de seus maridos; assim, deveriam se limitar a não se meter nos negócios dos homens. Um outro motivo pelo qual as mulheres não são aceitas na yakuza é que não se deve falar sobre o grupo a ninguém de fora, e eles não acreditam que elas seriam fortes o suficiente para se manterem caladas caso fossem interrogadas pela polícia ou por algum inimigo.
A única mulher com maior prestígio é a esposa do chefe. Ela não é considerada um membro, mas é respeitada simplesmente por ser a esposa, não interferindo em qualquer ocasião. Quando o chefe morre e não há ninguém para substituí-lo imediatamente, é sua esposa quem assume temporariamente o comando do grupo, até outro membro assumir a posiçao.
Os clãs são organizados à semelhança de uma família, possuindo talvez a mais rígida das hierarquias do mundo dos crimes. O oyabun (pai) é o chefe, wakashu são seus filhos e kyodai são seus irmãos. Todos devem total obediência e lealdade ao oyabun, e em troca ele oferece proteção a todos de seu clã. Os membros não devem ter medo de morrer pelo oyabun, e devem concordar com tudo o que ele diz.


O chefe dos filhos chama-se wakagashira, e o dos irmãos shateigashira. O wakagashira é o segundo em autoridade, vindo logo após o oyabun e servindo também como um intermediário para ver se as ordens deste estão sendo cumpridas. O shateigashira é o terceiro em autoridade.
Cada filho pode formar sua própria gangue e assim por diante, resultando em diversas subfamílias. Cada um obedece o líder de sua gangue, mas é sempre o oyabun que dá a palavra final. Uma família típica tem de 20 a 200 membros, o que pode assegurar ao clã todo um número bem superior a 1000 homens. As familias em que existem membros yakuza são geralmente de raiz com nome shibatsu, yakasa, shiatsuta, tashiro, tonaco, shematse, tokesho entre outras diversas com membros na cultura japonesa.
Há dois tipos de yakuza: aqueles que pertencem a um clã/grupo e os autônomos. Os autônomos não pertencem a clã algum, por isso têm dificuldades para agir, pois os grupos não permitem que eles atuem em seus territórios. Os clãs costumam usá-los como bode expiatório ou pagá-los para realizar um serviço no qual não queiram envolver o grupo todo. Se o autônomo for realmente ambicioso e capacitado, pode até começar um grupo do zero, mas geralmente, quando não é morto, torna-se membro de algum já existente.
Suas tatuagens podiam descrever seus clãs ou os crimes que cometeram com aneis de fundo negro. Eram um sinal de força para seus membros.
A Yakuza não se importava com as origens, entravam nela jovens abandonados, jovens sem escolaridade, refugiados da Coréia, China etc. Mas quando entravam para a Yakuza tinham que ter obediência. Aqueles que não podiam pagar suas dividas ou desobedeciam as regras eram obrigados a cumprir rituais, entre eles amputar seus dedos em frente aos superiores ou mesmo cometer suicidio.
Devido a tudo isto, em muitos lugares públicos (como banheiros, saunas, etc) são afixados cartazes onde pessoas tatuadas não são bem-vindas (independente se vc é um Yakuza ou não).
Apesar que a meu ver eu duvido muito que o caboclo dono do estabelecimento tenha coragem de barrar um dos fodões de lá...rss




Cartaz proibindo entrada na sauna

Banho público

Aparentemente, a sociedade japonesa está perdendo seu preconceito contra as tatuagens, aderindo pouco a pouco a essa extraordinária Arte e se deixando tatuar mais. O pior é que esse lance (infelizmente visto em diversas circunstâncias no nosso país também), onde “tatuagem é coisa de bandido” ainda está muito entranhado. Talvez esse “pouco a pouco” ainda dure algumas boas dezenas de anos...
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